PAISAGENS DOS SAMBAQUIS: INVESTIGANDO O PRESENTE PARA ENTENDER O PASSADO
Leonardo Waisman de Azevedo¹, Taís Cristina Jacinto Pinheiro Capucho¹, Leidiana Alves da Mota¹, Rúbia Graciele Patzlaff¹, Celia Helena Cezar Boyadjian¹, Rita Scheel-Ybert¹
1- Instituição: Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem, Museu Nacional/UFRJ
E-mail: lap@mn.ufrj.br
Resumo
Sambaquis são monumentos funerários de populações que ocuparam a costa do Brasil entre pelo menos 8500 e 1000 anos BP. São construções monticulares feitas com conchas e sedimentos, que contém ossos de peixes, carvões, artefatos e centenas de sepultamentos humanos, em uma alternância complexa de camadas estratigráficas. Os Sambaquis foram construídos em ecótonos, onde se encontram a Restinga, o Mangue e a Mata Atlântica, entre o mar e grandes lagoas. Esse foi o ambiente no qual os sambaquianos viveram e onde construíram suas paisagens. Os ambientes vegetais são elementos chave para essas sociedades, e pesquisas arqueobotânicas foram cruciais para a compreensão do papel das plantas em suas vidas. Estudos revelaram informações sobre economia de combustíveis, práticas de manejo da paisagem e horticultura, indicando a grande importância das plantas na dieta e nas práticas rituais dessas dessas pessoas. O Laboratório de Arqueobotânica e Paisagem do Museu Nacional (LAP/MN) foi pioneiro nestas pesquisas. Infelizmente, sua estrutura e coleções científicas foram perdidas no trágico incêndio que atingiu a instituição em 2018. O objetivo deste projeto é restabelecer as coleções de referência do LAP/MN, essenciais para a identificação de amostras arqueobotânicas e para a continuidade das pesquisas. As novas coleções serão montadas com base no conhecimento que o LAP/MN vem construindo há anos sobre as paisagens sambaquianas, a partir de espécies de Restinga, Mangue e Mata Atlântica. Coletas botânicas serão realizadas no Parque Estadual da Costa do Sol (RJ), área que possui uma alta concentração de Sambaquis e que abrange diferentes vegetações associadas a esse contexto. A expansão da área de estudo para a REBIO de Guaratiba, que tem características semelhantes, está sendo avaliada e seria uma contribuição importante. Esperamos poder retomar a capacidade investigativa do Museu Nacional na área e ampliar nosso conhecimento da relação dos sambaquianos com as plantas. Este trabalho é apoiado pela National Geographic Society e pela Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional.
Palavras-chave: Sambaquis, Arqueobotânica, Coleções de Referência, Restinga, Mata Atlântica.
Há alguma previsão de coleta para a REBIO Guaratiba? 2021? 2022?
ResponderExcluirPrezado Gabriel, boa noite! Infelizmente não temos nenhuma previsão. As atividades da UFRJ estão suspensas neste momento. Assim que possível retomaremos o calendário de campos, e nesse ínterim pretendemos propor atividades na REBIO de Guaratiba.
ExcluirComo é feita a coleta de material no sambaqui?
ResponderExcluirBoa noite! Nessa pesquisa a coleta não é feita nos sambaquis, e sim nas formações vegetais associadas a esse tipo de sítio. O objetivo é realizar coletas botânicas (amostras de madeira, folha, flor e fruto) de plantas de Restinga, Mangue e Mata Atlântica. No caso de amostras arqueobotânicas, essas sim coletadas nos sambaquis, as coletas são feitas através de escavações arqueológicas, com técnicas de amostragem diferentes para cada tipo de material: carvões são coletados in situ, com peneira ou flotação; microvestígios são coletados a partir de sedimentos ou artefatos arqueológicos. Nesse trabalho não planejamos nenhuma coleta que dependa de escavações arqueológicas.
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