FÁRMACOS NO PESCADO ORIUNDO DA BAÍA DE SEPETIBA, RIO DE JANEIRO, BRASIL
Flávia V. de Mello1,2,4; Sara Cunha2; Mariana B. Alonso1, Fabíola Fogaça3; José Fernandes2, João Paulo M. Torres1,4
1- Laboratório de Radioisótopos Eduardo Penna Franca, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Av. Carlos Chagas Filho 373, G0-61, CCS, RJ, 21941-902, Brasil
2- LAQV-REQUIMTE, Laboratório de Bromatologia e Hidrologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto, Rua Jorge de Viterbo Ferreira 228, 4050-313 Porto, Portugal
3- Laboratório de Bioacessibilidade, Embrapa Agroindústria de Alimentos, Av. das Américas 29501, 23020-470, Rio de Janeiro, Brasil
4-Laboratório de Micropoluentes, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Av. Carlos Chagas Filho 373, G0-61, CCS, RJ, 21941-902, Brasil
E-mail: flaviavasc@biof.ufrj.br
Resumo
Atualmente, a poluição dos recursos hídricos por contaminantes é um problema ambiental com consequências à segurança alimentar e saúde pública. Fármacos são considerados contaminantes emergentes, de amplo uso mundial devido às suas atividades antibiótica, anti-inflamatória, analgésica, diurética, reguladora de lipídios, psiquiátrica, entre diversas outras. Esses compostos atingem ecossistemas aquáticos e contaminam o pescado através das descargas de estações de tratamento de esgoto urbano, lixiviação de drogas veterinárias em produções animais ou pelo uso direto na aquicultura. O potencial acúmulo de fármacos em organismos aquáticos contamina o pescado, oferecendo riscos à saúde humana, através de seu consumo em longo prazo. Considerando-se o desconhecimento da contaminação e da exposição da população que consome o pescado oriundo da Baía de Sepetiba, este estudo teve como objetivo a determinação e quantificação de 12 fármacos em peixes e bivalves comercializados no local. Robalo (Centropomus spp., n=17), parati (Mugil curema, n=20) e mexilhão azul (Mytilus edulis, n=6 pools) foram analisados por cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas em tandem, após extração e purificação das amostras pelo método QuEChERS (Quick, Easy, Cheap, Effective, Rugged, Safe). Nove dos doze fármacos investigados apresentaram concentrações inferiores aos respectivos limites de quantificação obtidos, tanto em mexilhões (3,5 ng/g) quanto nos peixes (4 ng/g). As maiores concentrações médias observadas foram de naproxen em parati (28,27 ng/g; <4-140 ng/g), também determinado em robalos (6,15 ng/g). Indapamide em paratis (9,18 ng/g) e em robalos (5,15 ng/g), e ketoprofern em mexilhões (7,29 ng/g) também apresentaram concentrações acima do LOQ. Não houve diferenças significativas entreas espécies estudadas (p>0,05). A estrutura muscular do mexilhão azul não parece estar bioacumulando mais fármacos que as demais espécies . Considerando que o pescado apresentou concentrações inferiores àquela tolerada para os medicamentos veterinários sem regulamentação (10 ppb), o consumo de robalo, tainha e mexilhão azul oriundos da Baía de Sepetiba pode ser considerado seguro à população. No entanto, os fármacos avaliados possuem principalmente uso humano e seus limites máximos residuais em pescado ainda não são definidos nas legislações nacional e internacional. A escassez de estudos da bioacumulação destes fármacos no pescado dificulta a avaliação de riscos para a população.
Palavras-chave: Contaminantes emergentes, fármacos, peixes, bivalves.
Acontecerá com transmissão ao vivo pelo YouTube no dia 21/11/2020 às 16:30
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